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Sobre nossas Linhas de Pesquisa

O objetivo principal é a realização de pesquisas acerca da História do Brasil, em um recorte temporal que envolve desde o período imperial até a contemporaneidade. Os conceitos de Cultura Histórica, Literatura e Memória são chaves de leitura privilegiadas para a compreensão dessas diferentes temporalidades, em função das interpretações polissêmicas que evocam, a partir de variações que comportam a circularidade cultural de sujeitos e narrativas, intrínsecas às diversas tipologias de fontes históricas investigadas no processo de pesquisa em História. 

As análises documentais e os princípios da operação historiográfica empreendidos pelo historiador e seu ofício estão pautados no comprometimento acadêmico com as dimensões culturais, sociais e políticas, aportadas nas abordagens da História do Discurso, História Oral, História Imediata, História Regional, Micro-História e Biografias. São contemplados em especial os estudos de processos históricos que envolvem o cruzamento de fronteiras entre escravidão e liberdade, experiências democráticas e ditaduras, olhares de pesquisadores estrangeiros e historiadores brasileiros, espaços de sociabilidade e movimentos atrelados ao Estado, com enfoque relacionado às limitações e/ou ampliações proporcionadas aos pesquisadores pela recente expansão dos domínios, fontes históricas e campos temáticos da história.

Linhas de Pesquisa

Cultura Histórica, Literatura e Memória

Cultura Histórica:

Os historiadores, ao unir “gestos e lugares”, realizam esforços para não isolar os aspectos que compõem as análises dos sujeitos históricos, especialmente, por considerar que os grupos humanos buscam compor uma “cultura histórica”, ligada às experiências do passado transferidas à contemporaneidade, na tentativa de recompor e imaginar o mundo vivido. Para tanto, cabe articular política, cultura, história e as formas de lembrar, ao entender que estudos dessa natureza permitem às sociedades refletirem melhor sobre seu passado, diante de um presentismo imediatista extremo a que estamos sujeitos no tempo presente.

 

Literatura:

Com a ampliação do campo temático do historiador, novos métodos de análise e objetos de pesquisa foram agregados ao seu ofício, a exemplo de documentos escritos, visuais e sonoros. As fontes literárias ganharam destaque e seus primeiros usos na pesquisa histórica no Brasil ocorreram a partir do final da década de 1980. A análise das dimensões sociais de um texto literário contribui para a compreensão de determinada conjuntura histórica, pois a literatura não se compõe apenas com elementos ficcionais e sim é forjada na relação com a realidade social que a constrói. Por extensão, a elucidação das circunstâncias de produção ou recepção da literatura permite compreender as efetivas intervenções sociais almejadas por literatos e intelectuais. Afinal, os textos literários são gestados no âmago dos entrecruzamentos e das relações de força entre o território individual e a tessitura social, portanto, compõe-se de narrativas carregadas de ideias e valores decorrentes da experiência social dos romancistas. Dessa forma, além de testemunhar as tensões de uma determinada sociedade, a literatura pode ser apreendida como representação de embates sociais e descontentamentos dos literatos e seus contemporâneos.

 

Memória:

As memórias nutrem-se das lembranças do passado e apresentam características contraditórias, ilusórias e positivadas. Sua conexão com a história consiste na problematização dos usos do passado em consonância com as várias atividades que compreendem a pesquisa histórica. De fato, a relação entre História e Memória é alvo de constantes discussões no campo da História, sobretudo, por conta da complexidade inerente às suas definições conceituais. A memória, cuja aplicabilidade é mais adequada no plural – as memórias -, nutre-se das lembranças do passado e, como tal, apresenta características contraditórias, ilusórias e positivadas, desprovidas de críticas aos dados. Por outro lado, as memórias também se tornam fontes históricas, na medida em que são analisadas e confrontadas com dados históricos e informações constantes em materiais documentais. A História, área específica das Ciências Humanas, lança mão de determinados instrumentos de análise para a formulação de novos conhecimentos sobre o passado e o presente, por isso, pode ser compreendida como a “reconstrução sempre problemática e incompleta do que não existe mais” (NORA, 1993, p. 9). Diferentemente da memória, a História, no que tange à produção intelectual, problematiza e critica o passado por intermédio do uso de fontes, analisadas em consonância com teorias e métodos que auxiliem na interpretação dos dados, para problematizar a cristalização de experiências promovida pela memória. As pesquisas que entrelaçam a História e os usos da memória e as “formas de lembrar”, configuram recursos ligados à construção do real, unem os fios tecidos entre seres humanos, acontecimentos e lugares, que não se apresentam só como espaço físico, mas igualmente como a conjuntura que viabiliza certos estudos em detrimento de outros, por meio de uma espécie de interditos e aquiescências à escrita da História. Logo, esses usos da memória não visam resgatar algo que realmente aconteceu, mas estabelecer nexos entre os aspectos do vivido no presente e no passado.

História do Vale do Itajaí

Blumenau está localizada na chamada mesorregião do Vale do Itajaí, situada em Santa Catarina, em um vale formado pelo rio Itajaí-Açu, rio Itajaí-Mirim e seus afluentes, componentes da bacia do rio Itajaí-Açu. O propósito dessa linha de pesquisa é contemplar estudos ligados aos mais variados grupos populacionais que integram a cultura histórica da região, com ênfase em trabalhadores rurais e urbanos. Além disso, também interessa ao CEMOPE explorar a vasta documentação pertencente ao acervo do Arquivo Histórico “José Ferreira da Silva”, com destaque para o vasto conjunto documental de fotografias que retrata Blumenau desde 1880 até à contemporaneidade, além das coleções documentais pertencentes às famílias dos cidadãos que residiram na cidade, bem como o vasto acervo da imprensa local, digitalizado e disponível à consulta no próprio arquivo.

O acervo do Centro de Memória Oral e Pesquisa (CEMOPE) da Universidade Regional de Blumenau tornou-se um espaço privilegiado para a realização de pesquisas e o resguardo de memórias. Compõe-se de entrevistas e relatos orais, com aproximadamente 380 entrevistas, dentre essas, aproximadamente 260 realizadas por ex-alunos da disciplina de Pesquisa em História do curso de História da FURB ao longo de seus vinte e sete anos de existência.

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